quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pimenta do Bem

Quando você pensa em pimenta o que lhe vem a cabeça? Ardência? Prazer? Sabor? Calor? Fogo?Além de trazer um pouquinho de cada uma dessas sensações, essa especiaria traz muitos benefícios a saúde.



Por Cris Ayres





Quando iniciamos um assunto o qual direcionamos a pimenta como ênfase, logo nos vem à cabeça um sabor picante, algo que pode nos causar danos.
A imagem que fica é de pimentas forte, vermelhas, picantes e brilhantes. Por falar nisso, você sabe a enorme quantidade de pimentas que há no mundo? Será que sempre são vermelhas? E ardidas? Você sabia que há frutos com nome de pimenta e estes não tem classificação cientifica de pimenta?
Neste universo um pouco picante, iremos descobrir que há pimentas doces também!

Bem vindos ao mundo das pimentas.
A história da pimenta se difundiu com a ida de Cristóvão Colombo as índias atrás de especiarias e então, depara com a Pimenta e a leva ao Novo Mundo. A sua utilização se espalha por todo o planeta, servindo como tempero para várias tradições culinárias, sobretudo na Ásia e na América Latina. Mas estudos mais recentes, diz que a origem da pimenta é a planta originária da América do Sul e Central, tem mais de 6.000 anos, surgindo antes mesmo da invenção da cerâmica. Uma equipe internacional de pesquisadores rastreou a longa história do cultivo da pimenta. Traços de amido de grãos de pimenta foram encontrados em sete sítios arqueológicos. No mais remoto, situado no Equador e com uma antiguidade estimada em 6.100 anos, foram encontrados vestígios do vilarejo mais antigo descoberto nas Américas. No entanto, acredita-se que a cultura da pimenta remeta a tempos ainda mais antigos.
No Brasil a pimenta começou a ser utilizada pelos povos indígenas, sem qualquer influencia do descobrimento em 1500 d.C. Após o descobrimento, as sementes e frutos de pimentas passaram a ser cada vez mais cultivados, disseminado entre vários povos e utilizadas de diversas formas.
Antes de começar a nos aprofundar mais neste mundo, você sabe o que determina se a pimenta é mais “forte” ou mais “fraca”? É a quantidade de um princípio ativo, a capsaicina. Essa substância provoca uma descarga de endorfina no organismo e entorpece as terminações nervosas das papilas gustativas do nariz e da garganta, trazendo aquela sensação de ardor que conhecemos tão bem, portanto iremos ver ao decorrer desta matéria que há falsas pimentas e pimentas que não deixa a duvida, que pelo cheiro já sabemos o nível do ardor.

Agora vamos falar um pouco das principais pimentas do nosso dia-a-dia, características, origem e recomendações.

Pimenta CalabrezaCaracterísticas: Originária da Europa. É obtida a partir da desidratação e flocagem da pimenta vermelha. Muito utilizada na cozinha brasileira para deixar bem picantes as chamadas “comidas de botequim”. Extremamente picante.

Recomendações Fitoterápicas: sudoríferas, ajudam a baixar a temperatura corporal e é ótima para a limpeza interna do corpo.

Uso: utilize nas preparações de molhos picantes para carnes, peixes, em lingüiças e cobertura de lombos de porco. Use também para temperar azeitonas pretas ou queijo mineiro temperados com orégano e azeite. Condimente mortadelas, salames e salsichas.

Pimenta CayenaCaracterísticas: É uma variedade da malagueta muito saborosa. É a pimenta que concentra a maior quantidade de vitaminas. Muito utilizada na culinária indiana, mediterrânea e asiática.

Uso: use a pimenta em pó em pratos que pedem um sabor mais picante. É adicionado na maioria dos masalas indianos, prato vegetal, carnes, ensopados, arroz.

Pimenta chilliCaracterísticas: Foi cultivada pela primeira vez no Vale do México a cerca de 9.000 anos, é uma das 150 variedades da pimenta malagueta. Seu ardume é intenso, porém muito saborosa e equilibrada. Em pó, o seu sabor é extremamente picante. É usado essencialmente na culinária mexicana e italiana.

Uso: da um sabor especial a carnes, aves, frutos do mar, ovos, cozidos, hambúrgueres, pratos com milho. Ideal para sopas, cremes, molhos cremosos e de tomate, vegetais e coquetéis.

Pimenta da Jamaica
Características: Originária da Índia e América Latina. Planta semi-arbórea com folhas agudas, flores pequenas e brancas e frutos do tipo drupa, muito graciosas e aromática. As melhores bagas vêem da Jamaica, que é responsável pelo abastecimento mundial. As sementes, semelhantes ao cravo e de sabor parecido ao da noz-moscada, são aproveitadas na culinária como condimento.

Recomendações Fitoterápicas: afrodisíaca, anti-séptica e digestiva.

Uso: Os grãos inteiros são usados para condimentar marinadas, patês, embutidos, sopas de inverno, molhos, picles, carnes assadas, casseroles, vinagres e bebidas. A pimenta moída serve para aromatizar bolos, biscoitos, sorvetes, pudins, carnes, sopas e molho para churrasco, hambúrgueres, assados, salsicha, mortadela, cozidos, porco, vitela e coelhos, molho chilli e de tomate, ketchup e pickles de ovos, patês e pepino em conserva. Ótimo para aromatizar pães e frutas assadas. Experimente adicionar uma pitada da pimenta em molhos de tomate ou purê de maça para obter um sabor e aroma exótico.

Pimenta de Sichuan
Características: Mesmo que considerada parte da família da pimenteira é a semente do Fresno espinhoso, árvore da China, bastante comum na região de Sechuán. Tem sabor picante e aromático, as sementes têm gosto amargo, pouco cítrico, aroma pungente e amadeirado, lembra muito o aniz, é mentolado e usa-se esta especiaria na cozinha oriental.

Pimenta do Reino
Características: Originária do Sudeste Indiano é cultivada no Brasil nas regiões norte e nordeste. Considerada como a rainha das especiarias. A pimenta do reino é a baga de uma trepadeira, de raízes aéreas com folhas arredondadas, flores muito pequenas e brancas e frutos redondos e vermelhos.

Recomendações Fitoterápicas: Destrói toxinas e ajuda a digestão. Usado no tratamento da sinusite, resfriado, dores de cabeça, constipação, gases e perda de apetite.

Pimenta preta: São os frutos verdes secados ao sol, a pele se enruga e se torna escura. De intenso sabor picante, moa só na hora; aproveita-se o máximo do seu sabor e aroma. Em grão é usada em saladas, marinados, assados e pickles. Moída, pode ser usada em todos os pratos salgados. Ideal na água de cozimento de carnes, molhos, no final do preparo de legumes e verduras, salpicada sobre carnes, peixes e frangos antes de grelhar.

Pimenta branca: São os frutos maduros colocados de molho em água até que desprendam os grãos interiores brancos que são secos ao sol após este processo. Picante e aromática, sendo mais forte que a pimenta preta; pode ser utilizada em carnes brancas, maioneses e molhos brancos. Indicada especialmente para pratos que não podem ter sua aparência e cor alterada, também é muito utilizada no ocidente em molhos cremosos claros e em receitas que necessitam de maior picância.

Pimenta verde: São os frutos recolhidos antes de amadurecer. Seu sabor é, mas suave e frutado com um toque picante. Os frutos verdes e desidratados são aproveitados como condimentos para aromatizar mostarda, carnes e pratos mais delicados e é muito utilizado na culinária ocidental. Já as conservados em salmoura ou em vinagre são utilizadas em aves, carnes, steak au poivre, na manteiga aromatizada, em pescados e pickles.


Pimenta MalaguetaCaracterísticas: Originária das regiões tropicais da América Latina. Era usada há mais de três mil anos pelos incas e quando foram descobertas por Cristóvão Colombo, foram levadas para a Europa em 1493 e por lá fizeram sucesso. Tanto que no século seguinte passaram a ser cultivada naquele continente e também na Ásia. Planta arbustiva, ramificada, com frutos vermelhos arredondados e alongados de sabor extremamente picante. Quando seca, essa pimenta vira calabresa e é o condimento indispensável para quem gosta de comidas com sabor picante e bem temperadas. É um dos temperos mais comuns na cozinha nordestina.

Recomendações Fitoterápicas: a capsaicina, encontrada na pimenta malagueta, vermelha ou chilli traz em sua composição uma substância com efeitos altamente terapêuticos para aqueles que sofrem de enxaquecas. Esta substância além de provocar ardência na boca ela tem propriedades que neutralizam as dores de cabeça. Estimulante, estomáquica e vasodilatadora. Para as pessoas com resfriados ou alergias, comer pimentas pode aliviar temporariamente a congestão nasal.

Benefícios:
- Excelente fonte de vitaminas A e C e tem poucas calorias
- Podem prevenir coágulos sangüíneos que causam ataques cardíacos ou derrame cerebral.
- As pimentas também contêm bioflavonóides, pigmentos vegetais que parecem prevenir contra o câncer.

Inconvenientes:
- Requerem um manuseio cuidadoso durante o preparo para evitar irritação da pele e dos olhos.
- Podem agravar as hemorróidas.
- Deve ser evitada por pessoas que têm gastrite.

CURIOSIDADE: Uma dica infalível para afugentar formigas com produtos naturais é pincelar suco de pimenta malagueta no tronco de árvores e caule de plantas.

Uso: em pratos baianos como o acarajé e vatapá. Além disso, é um ótimo acompanhamento de sopas e indispensável para o preparo do famoso caldo de pimenta para feijoada. Use em conservas, molhos, carnes em geral e doces. Querendo amenizar o sabor forte da pimenta, basta prepará-la sem as sementes.

Pimenta Rosa - Pimenta doce!
Características: Os grãos devem ser usados com moderação, pois seu sabor predomina sobre o sabor dos outros temperos. Seu aroma é menos delicado que as pimentas do reino, não possui ardume e sua cor enriquece a apresentação de qualquer prato.

Atenção: pode ser tóxica quando usada em grandes quantidades. Limite-se a no máximo 10 grãos por prato.

Uso: decoram e conferem sabor delicado a saladas, molhos, grelhados e frutos do mar. Deve ser usada com moderação, pois seu sabor predomina sobre o sabor de outros temperos. Aromatize azeites misturando-a com pimentas do reino preta, branca e verde.

PimentõesCaracterísticas: Os pimentões são parentes da pimenta malagueta. Ambos são nativos do Ocidente e foram batizados pelos exploradores espanhóis que os confundiram com a pimenta em grão que por sinal não tem parentesco algum com eles. É desidratado por um processo moderno que retira a água dos legumes e vegetais. Os pimentões em forma de sino de quatro lóbulos estão entre as variedades mais comuns no mercado. Durante o processo de amadurecimento eles variam em cor indo de verde ao amarelo e vermelho. Os que forem colhidos ainda verdes não ficam vermelhos, pois amadurecem somente no pé. Como os pimentões ficam mais doces com a maturação, os vermelhos são mais doces que os amarelos e verdes. Existem outras variedades de pimentão, como os alongados e amarelados com cerca de 35 cm de comprimento e alguns em formato de coração.

Recomendações Fitoterápicas: Excelente fonte de vitamina A e C, possue poucas calorias (uma xícara contém apenas 24 calorias) e os pimentões de cores fortes também possuem alto teor de bioflavonóides, pigmentos vegetais que ajudam a prevenir contra o câncer.

Uso: Os pimentões podem ser servidos crus, fatiados como aperitivos, na salada ou em pastas, cozidos no vapor, tostados, recheados ou cozidos, em molhos e recheios. Cozinhar no vapor, fritar ou outros métodos de preparo rápido; não reduz de forma significativa seu valor nutricional.

Agora...

Depois de entender um pouco sobre as pimentas e descobris que tem valor terapêutico, vamos conhecer os benefícios gerais para saúde:
A pimenta faz bem à saúde e seu consumo é essencial para quem tem enxaqueca. A substância química que dá à pimenta o seu caráter ardido é exatamente aquela que possui as propriedades benéficas à saúde. Elas provocam a liberação de endorfinas - verdadeiras morfinas internas (como visto anteriormente) , analgésicos naturais extremamente potentes que o nosso cérebro fabrica! E quanto mais endorfina, menos dor e menos enxaqueca. E tem mais: as substâncias picantes das pimentas melhoram a digestão, estimulando as secreções do estômago. Possuem efeito antiflatulência. Estimulam a circulação no estômago, favorecendo a cicatrização de feridas (úlceras), desde que, é claro, outras medidas alimentares e de estilo de vida sejam aplicadas conjuntamente. Existem estudos que demonstram que a pimenta é um potente antioxidante (antienvelhecimento) e antiinflamatório. A pimenta possui até propriedades anticâncer.
Por mais que a pimenta seja um fruto, natural existem casos pontuais de reações alérgicas, pois alérgicos sempre existirão para qualquer coisa, que não seja água pura, portanto faça um teste antes do uso, não aplique na pele sem antes mesmo ter ajuda de um profissional da saúde.

Pimenta pela visão do Ayurveda

Pimenta é picante, quente e tem reação picante, promove a digestão; aumenta pitta, estimula vata e diminui kapha. Útil para combater os resfriados causados pela má digestão; pode ser tomada com mel para combater vermes nos intestinos; ajuda a aliviar o suor; é o antídoto para urticária, e a maioria dos alimentos lácteos; misturada com ghee alivia as desordens de pitta.

Pimenta vermelha (Capsicum sp.). É um excelente estimulante do sistema circulatório. Em casos de choque ou de ataque cardíaco, pingue algumas gotas de tintura de pimenta vermelha sob a língua.. Todos os que já comeram pimenta vermelha conhecem seu efeito no sistema circulatório. O rosto fica vermelho, suado e os batimentos cardíacos se aceleram.
Para sangramentos, aplique a pimenta vermelha no local. Sua tintura também pode ser aplicada diretamente sobre os ferimentos. A reação inicial pode ser ardor devido à liberação de substância Pectina, mas passado esse efeito, a dor desaparecerá.
Outra maneira de se utilizar a pimenta vermelha externamente é adicionar seu pó a um creme para o corpo e esfregar em áreas em que ocorre nevralgia. Assim que a substância Pectina é liberada, a dor desaparece.
Algumas gotas de tintura de pimenta vermelha sob a língua são um bom tratamento para dores de cabeça e enxaqueca. A tintura, por sua vez, deve ser concentrada e pode arder um pouco
A pimenta vermelha é uma substância extremamente quente e deve ser usada com cuidado, porque tem constituição Pitta (fogo+água). Em caso de ataques, choques, sangramento, dores fortes de cabeça ou nevralgia ela deve ser usada independentemente do dosha, pois pode salvar vidas.

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